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Me passaram um exame neuropsicológico, e agora?

Atualmente muitos profissionais da saúde ou do campo escolar, como médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, pedagogos e psicopedagogos, tem recorrido à neuropsicólogos. Nos encaminhamentos, frequentemente solicitam termos como avaliação neuropsicológica, exame neuropsicológico ou testagem cognitiva. Mas, para que serve este processo? O que o neuropsicólogo leva em consideração? Quando o exame neuropsicológico é indicado? Como escolho o neuropsicólogo?

 

O que é o exame neuropsicológico? Para que serve?

Uma forma de se entender o exame neuropsicológico é percebê-lo enquanto um procedimento de investigação clínica com embasamento científico sobre o funcionamento cognitivo e comportamental de um paciente (Malloy-Diniz, Mattos, Abreu, & Fuentes, 2008).

 

A neuropsicologia, por ser uma área de atuação multidisciplinar, traz profissionais das mais diversas correntes teóricas da psicologia. Contudo, o principal objetivo de um neuropsicólogo clínico sempre deve ser responder se há alguma correlação entre uma patologia ou hipótese diagnóstica e o funcionamento cognitivo e comportamental do sujeito, ou possíveis alterações nestes decorrentes daquelas.

 

O que o neuropsicólogo leva em consideração neste exame?

O primeiro passo do exame neuropsicológico deve ser um processo de anamnese, onde o neuropsicólogo coletará dados com o paciente, familiares e/ou outros informantes, que englobem: identificação do paciente; motivo da consulta; história dos sintomas, do desenvolvimento, da saúde geral, e da saúde familiar; vida acadêmica e profissional; vida social e relacionamentos relevantes; e a percepção do paciente e acompanhante (quando houver) sobre o seu funcionamento cognitivo.

 

Após a entrevista inicial (anamnese clínica), o profissional realiza uma etapa de planejamento, que visa a escolha adequada de instrumentos e tarefas que permitam testar hipóteses diagnósticas através do acesso e interpretação dos diferentes domínios cognitivos e das particularidades comportamentais do examinado.

 

Nesta etapa, o neuropsicólogo considera o uso tanto de instrumentos que possibilitem parâmetros quantitativos, como os testes neurocognitivos que possuem tratamento estatístico e são cientificamente validados, quanto qualitativos, como as técnicas de entrevistas, observações clínicas, análise documental e o uso de escalas e inventários.

 

Após o planejamento, profissional e paciente se encontram para algumas sessões de avaliação. O resultado da anamnese, das entrevistas, do raciocínio clínico, do conhecimento anátomo-funcional, dos resultados qualitativos e quantitativos colhidos, documentos complementares (exames de imagem, laudos de outros profissionais, relatórios acadêmicos, etc.) e da literatura científica estudada para aquele caso, é o que fundamenta a construção do laudo neuropsicológico, que deverá ser apresentado ao paciente e/ou acompanhante(s) na última sessão e entregue por este(s) ao profissional solicitante, quando houver.

 

Quando o exame neuropsicológico é indicado?

Malloy-Diniz et al. (2018) apresenta seis condições principais como indicações para se realizar um exame neuropsicológico:

- Situações em que o funcionamento cognitivo é indispensável para um diagnóstico;

- Situações em que o funcionamento cognitivo é complementar ao diagnóstico, favorecendo observar comorbidades e o acompanhamento clínico longitudinal;

- Situações em que pode ser necessária a identificação de disfunções cognitivas para reabilitação ou tratamento;

- Situações em que lesões, traumas, tumores, toxicidade ou patologias levaram a prejuízos cognitivos, afetivos ou sociais;

- Situações em que há prejuízo no desenvolvimento pleno das atividades da vida diária, acadêmicas, profissionais ou sociais do sujeito, devido às disfunções cognitivas;

- Situações em que há prejuízo cognitivo ou afetivo em decorrência em desregulações elétricas ou químicas do cérebro.

 

Deste modo, o exame permite que sejam identificadas funções cognitivas e comportamentais com melhor ou pior desempenho, quais necessitam de estimulação e quais seguem preservadas, e, também, auxiliar o profissional de reabilitação com informações que permitam definir a sua estratégia de intervenção.

 

Como escolho o neuropsicólogo?

O neuropsicólogo é um bacharel em psicologia que cursou uma especialização em neuropsicologia. As boas especializações duram cerca de 2 anos e possuem mais de 500 horas em sua grade curricular, incluindo disciplinas sobre a história da neuropsicologia, neuroanatomia, neurofisiologia, neurofarmacologia, estágios do desenvolvimento, instrumentos de avaliação neuropsicológica, reabilitação neuropsicológica, além de disciplinas sobre os diversos domínios cognitivos. Com um pouco de paciência, em uma boa busca na internet você consegue coletar informações sobre bons profissionais, seus currículos, locais de atendimento e qualidade de serviços.

 

Por fim, recomendo sempre que procure um especialista em neuropsicologia clínica que seja reconhecido pelo Conselho Federal de Psicologia na sua localidade. Caso esteja ou venha a São Luís, pode contar comigo!

 

   

Por: Thiago Linhares
Psicólogo CRP 22/1834

Especialista em Neuropsicologia

 

 

Referências

 

Malloy-Diniz, L., Mattos, P., Abreu, N., Fuentes, D. (Orgs.). (2018). Neuropsicologia: aplicações clínicas (2 ed.). Porto Alegre: Artmed.

 

 

 

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